terça-feira, 19 de junho de 2007

O caminho


Não há, na vida de um homem, mais que dois ou três caminhos mágicos. São aqueles que levam a lugares e pessoas especiais, e que se colam como um doce e caloroso adesivo à nossa memória até o fim dos dias. Conhecemos cada pedaço daquele caminho como se fosse um pedaço de nós mesmos e de alguém ou de alguma coisa que amamos. Uma árvore da qual jorra uma sombra generosa em dias tórridos. A fachada de uma casa que nos impressiona pela melancolia conquistada ou pelo esplendor perdido. A subida que nos faz arfar. O cruzamento diante do qual é prudente parar e olhar para os dois lados cuidadosamente. A pintura rude na rua, em geral com um tijolo, na qual as crianças fixam um campinho de futebol que para elas tem a dimensão de um estádio profissional. O velho triste que costuma flanar por ali como que em busca de algo que ficou para trás. O vira-lata branco que gosta de rosnar e assustar os passantes.


cada trecho do caminha está gravado em nós, e é curioso como às vezes podemos lembrá-los em detalhes tanto tempo depois de termos nudado de rota. Uma época que morreu renasce pelos passos imaginários de um caminho que um dia foi de verdade.


As lembranças algumas v ezes nos enternecem. Outras vezes nos arrasam. E há também ocasiôes em que elas nos despertam um sorriso interior há muito esquecido. De certa forma, elas cumprem o papel de nos lembrar que não desperdiçamos por inteiro a vida. Elas podem também nos fazer recuperar algo que nem sabemos que um dia tivemos.


Um professorzinho de inglês barato a quem o correr dos longos dias fez cínico e descrente, por exemplo. Ele pode lembrar que um dia acreditou nas coisas ao trazer à memória o caminho por onde seu pai, num fusca bege, o levava à escola. Enquanto o carro se movia, ele ao lado do pai sonhava sonhos que se desfariam. mas que importância a realização ou não de um sonho tem para um menino capaz de arregalar os olhos e ver coisas tão lindas pela frente? O professorzinho de inglês barato talvez tenha esquecido que um dia acreditou, e a simples recordação de que nem sempre foi descrente pode aquecê-lo por dentro e lhe devolver alento e, por que não, uma dose de fé ingênua que quem sabe o ajude a atravessar os invernos.


Um mestre zen diz que cada um de nós devia ter por perto uma foto nossa de meninos. E olhar para ela para aprendermos com o garoto que fomos coisas que possam melhorar, suavizar, humanizar o adulto que somos. E então me ocorre o pensamento tolo de que gostaria de transformar numa fotografia o caminho que levava à casa da menina de olhos verdes e pendurá-la, enorme e gloriosa, no céu. A foto comportaria todos os passos que iam dar naquela casa de portão verde de madeira descascada, aquele mesmo portão que um dia o menino apaixonado transpôs para ganhar a rua e não mais voltar, aquele mesmo portão que, aberto, representou a entrada na terra encantada do primeiro amor e ao se fechar, assinalou a chegada do homem que se transformou num professorzinho de inglês barato.


Bem, vou viajar hoje, e aos poucos ou quase nenhum que lêem aqui, volto em breve, se nada de ruim me acontecer no meio do caminho.


VIP :)

4 comentários:

Driuzzo disse...

bom, o primeiro ja é meu uaheuaheuah :x

cara esse post foi uma viagem msm (no melhor sentido possivel)
viajei aqui tb =D

"cada um escreve seu proprio caminho"

parabens cara!

Anônimo disse...

nao li tudo e ta comentado
¬¬
suyahsuiahsuiahsuihauishauishias
boa viagem e traz lembrancinha pra mim *-*

Anônimo disse...

Mumuuuuuu
Legal isso que você falou de lembranças...realmente muitas fazem a gente sorrir que nem bobo, mas também outras nos fazem mal...
Não vou viajar mas só devo entrar na net direito quinta feira...Ai estarei de ferias!

Boa viagem Mumu
E se cuida! Nada de ruim vai acontecer não!
Hunf

=0*

Taty disse...

Já era de se esperar q eu não ia cumprir o que eu achei q seria melhor fazer.
Então eu li mais um texto e devo dizer que: as vezes eu odeio o profesorzinho de inglês barato pelas coisas que ele desperta em mim com seus textos e sua sinceridade.
Mas isso, de odiar, é uma coisa boa, não me interprete mal ou mau (nunca fui muito boa nisso).