sábado, 19 de março de 2011

A cueca, não!

Eu nem era nascido quando a mulherada começou a queimar sutiãs. Foi o pontapé inicial no nosso saco machista. Jóia. Fizeram bem: não dava pra ficar o tempo todo na cozinha com o mundo virando de pernas pro ar nas ruas. Só que a partir desse dia, inferno, elas foram atacando todas as nossas fortalezas. Começaram a dirigir direitinho. Foram jogar futebol. Aprenderam a arrotar o alfabeto. Entraram pro exército. E também pra PM, coisa que até hoje desconfio ser pouco eficiente no combate ao crime: há sempre o risco de confraternização com o inimgo.

Bom, até aí, legal. Estamos mesmo no século 21. Porém, comecei a desconfiar que tudo estava indo pro vinagre quando vi no jornal um trio de arbitragem feminino apitando futebol profissional. E não só apitaram, como ouvi dizer que rolou três beijinhos antes do jogo, como se futebol fosse chá-bar. Ali, ainda achei que não tínhamos perdido o controle da situação por causa da bandeirinha. Na época falou-se muito dela, do rosto, das pernas. Ainda bem, a estética ainda a mantinha como mulher.

Então descobri que um dos novos baratos entre as garotinhas de até 18 anos é usar cueca. Dizem que fica simpático, confortável, é meio andrógino - e por isso sedutor. Ah, pera lá: cueca, não. Cueca é sagrado. É o que dá sorte no reveillon, nos protege do zíper assassino, é a nossa surpresa na hora de tirar a roupa pra amada. A calça vai pro fundo do armário assim que surgem os primeiros quilos a mais. A cueca permanece, fiel. As mulheres usarem cueca é golpe baixo. A gente não tem como revidar. Podemos cozinhar melhor, apitar jogo de vôlei feminino, costurar, bancar os cricris, etc. Agora, usar calcinha? Aqui, ó. Nem no carnaval de Olinda. E não me venham com acusação de machismo, não é isso. Elas é que estão virando machistas, de tanta ganância feminista.

Sério: eu prefiro as mulheres do lado de lá; são muito mais bonitas permanecendo mulheres. Elas lá, nós cá, de vez em quando nos encontrando em lugar neutro e macio. Negócio mais lindo que é um cabelo cheiroso, uma calcinha de algodão, uma insegurançazinha, uma crise de TPM, um cabeleireiro de sábado. Chegou a bater certo desespero em mim. Comecei a listar diferenças entre os sexos. Itens sem grande importância, como a fimose e a tradicional coçada. Lembrem-se: eu estava desesperado.

Belo dia, me acalmei ao ver na TV um show no Cavern Club de Liverpool. No palco, gente de respeito. Paul McCartney no baixo e David Gilmour na guitarra. Pensei: sabe quando seria juntar lendas vivas de qualquer coisa, todas mulheres? Nunca. Elas se matariam no primeiro ensaio. As mulheres são lindas, são ambiciosas, são capazes, blablablá, mas ô gênio sangue-ruim. A gente é disparado mais legal - e a maioria delas próprias concorda. Ufa: a vaga de macho é nossa.