domingo, 3 de maio de 2009

Falaram mal de mim!

Eu tinha brigado com minha primeira namorada. (Pode também ter sido com a segunda. Sempre posso estar enganado. É um direito legítimo de um pseudo escritor barato como eu. balzac não poderia estar enganado. Tolstoi também não. Eu, sim. mas chega de digressão.) Ela, a primeira ou segunda namorada, me dissera coisas que pareceram pesadas. Eu estava arrasado. Meu sábio tio butequeiro notou meu estado de espírito lamentável. me perguntou o que acontecera. Respondi. Basicamente disse que ela achava que eu não valia nada. Que jamais seria alguém na vida. Que era preguiçoso. Que minha ambição era desumanamente pequena. Que por isso meu futuro era menos promissor que o de um chiclete mascado. Tenho que admitir que naquela tempestade de ofensas ela encontrou uma grande tirada, essa do chiclete. Ainda hoje, quando masco um chiclete, me lembro da comparação. De certa forma me vejo ali no chiclete mascado. (O tempo provaria que em muitas coisas ela acertara nos vaticínios sombrios. Mas não quero falar sobre isso aqui.)

Meu tio, com sua voz de Fred Flintstone, me disse que um dia eu entenderia que o importante não é o que as pessoas pensam sobre a gente. Mas o que nós pensamos de nós mesmos. A opinião alheia pesa muito mais sobre nós que nossa própria opinião. É engraçado. É patético. Somos vulneráveis, infantilmente vulneráveis ao que dizem e pensam de nós. Se nos elogiam, exultamos. Se nos criticam, ficamos deprimidos. O que nós mesmos pensamos sobre nós e nossas ações quase não interessa diante da opinião, da voz alheia. E então me ocorre uma conversa posterior do meu tio sobre o mesmo assunto. Sabedoria, quando alguém vem dizer que falaram mal de você, segundo meu tio, é responder que aquela pessoa maledicente não sabe metade dos seus defeitos.

Somos escravos da opinião dos outros. Achamos que eles julgam grande nosso nariz? Pagamos 5 mil reais por uma cirurgia plástica. Achamos que eles não gostam das nossas roupas? Vestimos as roupas que eles gostariam que nós vestíssemos. Achamos que eles só nos respeitarão se tivermos um carro novo e caro? Compramos. Vivemos, por paradoxal que seja, para os outros, não para nós mesmos. Você e sua namorada, por exemplo. Aposto que você, antes de fazer alguma coisa no relacionamento, pensa no que ela vai pensar a respeito de sua atitude. Não no que você vai pensar. Essa atitude de tentar agradar aos outros e esquecer da sua própria opinião .... nem comento.

Claro que não estou advogando o egoísmo. É o oposto. Estou simplesmente dizendo que o importante é que você se respeite, não que os outros o respeitem. E a gente faz coisas horríveis na tentativa desesperada de conquistar o respeito dos outros. Coisas que muitas vezes nos levam a perder o respeito por nós mesmos. (Alguém falou aí em filosofia barata? Mas o que mais poderia se esperar de um pseudo escritor barato? Raciocínios de Platão?) Se estamos acorrentados à voz alheia, sofremos freqüentemente por um reconhecimento que não vem. Isso acontece na vida amorosa. E talvez mais ainda na vida corporativa. E então termino com uma frase que meu tio gosta de citar. Confúcio, se não me engano. (Mas posso... bem, não vou repetir.) Mais ou menos assim: o sábio está demasiadamente empenhado em fazer coisas que lhe trarão reconhecimento para perder tempo esperando por reconhecimento.

fikdik

3 comentários:

Anônimo disse...

A vei, ser prisoneiro da opnião dos outros é um fato(Não que eu seja.) Mas a sociedade é movimentada pela opnião dos outros.Mas nos homens são movimentado pelas mulheres.(Não que eu seja movimentado pelas mulheres.)
Tipo, pq vamos a academia?Pra mostra nossos musculos para outros homens?
Pq deixamos de fazer certas coisas quando estamos perto de mulheres?
Por medo do que ela vai pensa de vc?
Ai fica essa sapeco meu ai q todo mundo vai achar uma idiotisse uq eu disse, mas ta valeno
;*
Gege

Anônimo disse...

Outro texto fodão, MuMas! \o/
Curti também. :D
Parabéns! :*

( manel )

Julio Dario disse...

é o materialismo dialético...
tudo isso acabará o dia em que todos nós percebermos que somos seres individuais...
nascemos sozinhos
morreremos sozinhos
e ficaremos apenas com nossas opiniões...
nossas razões e tudo de bom que nós conquistamos para nós mesmos... e não aquilo que aparentamos ser (principalmente economicamente e visualmente falando)...
levo como filosofia de vida o auto-controle e o grande sábio do qual as pessoas preferem mistificar seus atos, e criarem altos rituais de adoração por imagem e outros meios de melhor "acreditar no que veem" do que seguirem seu exemplo moral de vida... Grande Jesus...
uma frase dele que resume todas as vissitudes que sofremos criadas por nós mesmos...
"Amar ao próximo, como a ti mesmo"
Subtende-se...
que a primeira pessoa que vc tem que amar é a si mesmo... para depois o próximo... ai sim... pararemos de sofrer e de preocupar com todas as imagens e fazemos o que ele nos quis ensinar a 2000 e poucos anos atrás....
e isso nao é um comentário fanático religioso... me considero mais um estudante curioso.... =)
de uma existência de um ser que muito quis nos ensinar... mais que não tinhamos ainda... "olhos de ver.. e ouvidos de escutar"

Julin