sexta-feira, 22 de junho de 2007

Língua


Pois bem, voltei da viagem, cá estou eu, senti falta de algumas pessoas,valeu muito quem me mando msg no meu celll :* vi que realmente eu faço falta pra alguns :~, senti falta de escrever, acho que estou me acostumando. Bem hoje estou sem idéias, então vou falar sobre a língua oO


"Língua" e "lascívia" são palavras parecidas e intrinsecamente dependentes. Porque, descontadas as papilas gustativas e o movimento propulsor de nossa língua em direção à digestão, nos restam as tentavas de desgrudar o caramelo da gengiva, a passadinha pretensamente discreta sobre os dentes depois da refeição e um ou outro desaforo infantil em que a língua é o silencioso e inquestionável instrumento do insulto. Resta a fala que dela se desenrola, claro, e resta o beijo.


Não haveria o beijo se não fosse a língua. Ou melhor, não haveria lascívia se não fosse a língua, assim como todo encontro de duas bocas não seria mais que fraternal sem a lascívia impulsionando nossa língua para fora (e para dentro de um outro ambiente). Eureca! Língua e lascívia são o carro-chefe da engrenagem da paixão.


Porque, quando se apaixonam, tudo o que desejam os mantes é estar dentro do outro. Não me refiro a encaixes anatômicos responsáveis pela perpetuação de nossa espécie, não. É estar "dentro" em tudo quanto for possível para nutrir o sentimento de que não há mais desamparo: no pensamento do outro, em seu sonho, seu desejo e sua lembrança. E, se possível, em sua esperança. Sentir paixão é estar acometido pela necessidade mútua de invasão.


E o beijo de língua é sua maior expressão. É a metáfora do falo e do púbis se encontrando, o gesto invasivo e devorador da união entre dois corpos. O beijo de língua é insano, sedento, gosmento. Propõe a troca de móléculas, a promiscuidade celular, é o fabuloso estopim do desatino.


À medida que o contato entre o casal ultrapassa o escrutínio rumo à heróica realidade, o corpo mucoso e enfastiado se esvai num déjà vu desolador. Abandona a dança histérica das papilas gustativas degustando uma outra língua, e o órgão em riste, antes tão devassador, se recolhe ao universo escuro e prolífero de silêncios e monótona fisiologia. Parece que adormece.


A paixão acaba quando não há mais beijo de língua, quando os ânimos se acalmam numa pálida conquista e este beijo tão lascivo se torna um luxo reservado para as noites de luxúria. O fim (ou o rarear) do beijo melecado pode ser o tão temido fim de um grande amor, ou, talvez, o seu começo. Quem sabe a parcimônia de saliva seja a transição do desespero à real intimidade, o primeiro passo do vício compulsivo e inseguro em direção à intangível cumplicidade.


A paixão acaba, sempre. Talvez dela nasça o amor. Talvez não. O que vale é a tentativa. Que da boca melecada surja um(a) grande companheiro(a), é o que todos mais esperam. E que do beijo sobreviva algo maior que as secreções, também. Paulo Mendes Campos, em sue livro O Amor Acaba, escreveu: "...O amor acaba no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado". Então, depois que já se foram as línguas se enroscando, que fiquem ao menos as mãos unidas no escuro fértil do cinema.


VIP :)

3 comentários:

Taty disse...

To de greve =]

Anônimo disse...

por isso eu beijo pacarai
xDDDD
suahsuiahiushasuiahusihaisha
mais a parte do falo e da pubis esta em recesso no momento xD
=]

Jux disse...

"Não me refiro a encaixes anatômicos responsáveis pela perpetuação de nossa espécie, não."

KAKAKAKAKAKAKAKKA rindo muito aqui!
Vou anotar essa no meu caderninho xD

Otimo texto mumu

Também to me acostumando a postar, dá até vontade de escrever ^^
Mas eu não escrevo legal que nem o mumu =0(

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