domingo, 21 de agosto de 2011

Existe vida numa relação sem sexo?Vocês estão juntos há um tempão e se amam. A conta conjunta está no vermelho, a sua prima é amiga da tia dela, vocês compraram uma casa. Com tudo isso, qual o problema de, num domingão, em plena sessão de cinema no sofá, dar mais vontade de ficar deitado juntinho do que de transar? Nenhum, se isso acontecer uma vez ou outra. O problema começa quando só se tem vontade de ficar juntinho. Piora se, depois de várias reprises dessa cena, um dos dois muda de opinião sobre ser tão gostoso assim apenas ficar juntinho. E se torna insustentável na hora em que ela (ou você) se sente um lixo erótico, a versão humana do peixe-boi.

Ela o apóia nas horas complicadas, implica com seus amigos, te pentelha se sente seu bafo de cachaça e não rola a menor tensão sexual entre vocês? Então você não tem mais uma mulher: tem duas mães.

Sentir-se desejado é tão vital quanto vitamina C: um agarrão inesperado, uma sacanagem ao ouvido fazem o dia valer a pena, reluzem o ego. A ausência desses pequenos carinhos e, mais tarde, do ranger da cama, é um tremendo indicador de que tem algo bem errado na relação.O tesão é a demonstração instintiva do quanto queremos aquela pessoa perto, dentro, misturada a nós. Ou do quanto não fazemos questão disso. Já passou da hora de acabar com essa hipocrisia de que, depois de um tempo, o sexo se torna desimportante para os casais. Como assim? Quer dizer que num determinado momento viramos samambaias? Não, mas nos tornamos peritos em negar o óbvio: a relação está, sim, na UTI.

É impossível não ficar abalado quando nosso parceiro e o abajur surtem o mesmo efeito sobre nossa libido, mas é possível ignorarmos os sintomas e continuar "nos dando superbem". A vaca vai de vez pro brejo quando buscamos em outros corpos os toques, beijos e orgasmos ausentes e tão necessários.

Será que vale a pena viver comendo fora ou menosprezar a própria sexualidade em prol de um relacionamento estável?

Não, não vale. Cedo ou tarde ele deixará de ser estável para ser penosamente estabilizado (e dará cada vez mais trabalho, feito carro consertado em mecânico ruim). Existem, sim, diversos fatores essenciais numa boa relação: cumplicidade, amor, apoio, carinho, mas isso tudo é insuficiente sem tesão. É como biscoito de polvilho: é até gostosinho, mas não mata a fome. É preciso muito mais sustança.

E, uma noite, adormecemos angustiados ao lado da pessoa que escolhemos para tornar a vida melhor, mais clara. Nos damos conta de que viramos amiguinhos. Somos tomados por uma insatisfação que nada consegue sanar: nos sentimos incompletos por vivermos numa farsa particular. E entristecemos, porque é mesmo doloroso notar que não bastam amigos, filhos, móveis e lembranças para sermos felizes ao lado de alguém: nenhum passado em comum salva um presente inegavelmente divergente. Não basta a vontade de ficar juntinhos no sofá: tem que existir desejo. E, se ele estiver mesmo morto, o melhor a fazer (pelos dois) é aceitar que você a amará por muito tempo - um amor fraternal e cuidadoso -, mas que deve vagar seu lugar na cama.

Se dá pra ser feliz numa relação sem sexo? Claro que dá. Se você for uma orquídea.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

The new me

Dizem que as pessoas aprendem sobre si, ou tem a chance d escolher um caminho na adolescência. Que depois de velhos ou adultos, pra usar uma palavra menos pesada, não podemos aprender mais nada, nosso caráter já está formado.

Depois de uma noite sem dormir pensando sobre tudo, cheguei a conclusão que pelo menos tentar eu posso. Já sou velho, formado, com emprego, etc. Mas acho que a frase "nunca é tarde pra tentar algo novo" vem bem a calhar no momento.

Sabe a sensação de que por mais que você tente, as coisas não funcionam? Por mais que você se esforce, claro, do seu jeito, porque isso é algo bem subjetivo, as coisas sempre voltam contra você? Por mais que você seja bom nada de bom você recebe. Depois de 7 anos preso a alguém, você se fode como se nada tivesse acontecido. Sei que vou rir disso um dia, mas vou rir quando eu estiver melhor, mais seguro, com o foda-se ligado e piscando igual sirene.

E pra chegar a esse ponto é o que vou começar a trabalhar a partir desse momento. Tentar ser mais seguro de mim, fazer as coisas pra mim, pensar mais em mim.  Estou errado? Qual o ponto em doar anos pra alguém e não receber nada em troca? É coisa de retardado. Fato. Então a partir de hoje, além de mim, só recebe de mim coisas boas, presentes, carinho, amizade, amor, quem merece. Caso contrário foda-se.

E também mudar no sentido de ser mais solto, mais sociável, mais cool. Vo trabalhar nisso. Se não der resultados, ae eu vou ver que o problema não é comigo. Nem nunca foi. Claro que mudar meu jeito não vai mudar quem eu sou. Eu vou continuar sendo o amigo de sempre, o cara de sempre, mas com atitudes diferentes. Será que ficou claro? É tipo a mesma coisa mudar a decoração da sua casa. Você se sente em um lugar diferente, mas mesmo assim ainda se sente como seu lar, o de sempre. Enfim, depois dos acontecimentos desse fim de semana, acho que tá na hora. Quem tava comigo fique a vontade pra continuar comigo, esses vão ser lembrados sempre, e não vão se arrepender.

7 anos são uma vida, algo que pra ser jogado fora assim, do jeito que foi, porra. Vou ter que reaprender muita coisa, e espero que meus amigos me ajudem nessa tarefa. Acho que é isso.